terça-feira, 9 de agosto de 2011

Sobre a rigidez do nada.

Nada existe de mais concreto do que a fluidez do nada. Quando algo não é, ele é o não ser, personificando-se abstinente naquela falta de coerência e concretude. E não sendo o ser, ele passeia, serelepe, transitando entre a existência e o plano etéreo paralelo daquilo que não se sabe (ou se sabe mas se tem medo de saber). O fluido do nada se esgarça e escorre entre os dedos, líquido imbebível, intangível, mas não inadjetivável - nada o é. E quando se adjetiva o nada é que ele, fanfarrão, se torna sujeito e, consciente de seu vazio, se projeta na realidade como a se lançar de um prédio, um suicídio próprio de conceito invadindo a matéria. 

Quando o nada existe, como tudo que se prende à ditadura da veracidade, ele não é livre. Ser o nada implica em estar proibido de ser qualquer coisa - e creio não existir proibição pior. 

É quando nada podemos fazer além de admitir, um pouco felizes com a natureza de nós mesmos - que somos - que nada é pior do que ser o nada (exceto, talvez, ser alguma coisa).

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